APURAÇÂO DOS CUSTOS DAS VENDAS

INTRODUAÇÃO:A primeira etapa do cálculo dos resultados líquidos obtidos com as vendas demonstradas nos relatórios financeiros das empresas consiste, obviamente, na apuração do chamado resultado bruto, representado pela diferença entre o total das vendas líquidas e o chamado custo das vendas. No dizer de Eliseu Martins, o custo das vendas, ou o Custo dos Produtos Vendidos, é (no caso das empresas que comercializam bens de sua própria fabricação) “a soma dos custos incorridos na produção dos bens e/ou serviços vendidos em um determinado período”.

Na verdade, os especialistas reconhecem três diferentes categorias de “custo de vendas”:


a) custo dos produtos vendidos -quando nos referi- mos à venda de bens fabricados pela própria empresa;
b) custo das mercadorias vendidas -quando trata- mos da venda de bens fabricados por terceiros e ad- quiridos pela empresa, com a finalidade de revenda;
c) custo dos serviços vendidos -quando as vendas cujo resultado se pretende investigar referem-se à co- mercialização de serviços.

Este texto aborda as três categorias de custeio citadas.

O CUSTO DE PRODUTOS, MERCADORIAS E SERVIÇOS VENDIDOS

A fim de facilitar a compreensão do sistema de cálculo dos custos de venda dos bens comercializados pelas empresas, é conveniente uma rápida digressão acerca do método utilizado para a avaliação dos estoques de bens de produção própria ou dos bens comprados de terceiros para industrialização ou revenda.

É de conhecimento geral que, pela magnitude do seu valor e pela complexidade do seu controle (particularmente nas organizações industriais), os estoques de materiais reque- rem cuidados especiais por parte da gerência empresarial, sendo que o refinamento do seu custeio foi um dos impul- sionadores originais do desenvolvimento da Contabilidade de Custos.

O fato é que a pressão inflacionária que alimenta a instabi- lidade dos custos dos fatores de produção das empresas, associada à constatação de que inexiste coincidência entre os períodos de produção e de venda dos bens oferecidos ao mercado, obriga à sofisticação do método de apuração do seu custo de venda, de forma a refletir a máxima coerência possível entre esse custo e aquele que consta dos registros de controle dos seus inventários.

Essa busca de semelhança entre custos de vendas e de inventários é a razão básica pela qual o custo da venda de um bem comercializado por uma empresa (seja industrial ou comercial) utiliza-se de método de cálculo similar ao que é utilizado quando do cálculo do gasto assinalado nos registros do seu controle de estoque. Isso estabelecido, podemos entrar nas considerações específicas pertinen- tes aos custos dos produtos e das mercadorias vendidos.

O CUSTO DE PRODUTOS, MERCADORIAS E SERVIÇOS VENDIDOS

Refletindo a indispensável consistência com os registros contábeis do custeio de estoques, a apuração do custo das vendas baseia-se, fundamentalmente, nesses registros, obedecendo à seguinte fórmula:

A magnitude do valor resultante dependerá, assim, do tipo de controle de estoque que é utilizado pela empresa: custo médio ponderado, média fixa ou móvel, primeiro a entrar primeiro a sair (Peps), último a entrar primeiro a sair (Ueps) ou custo específico. Dada a relevância desse controle para o assunto do presente texto, incluímos, no item 4, um breve comentário acerca dos aspectos fundamentais dos princi- pais métodos de controle de estoques utilizados hoje.

O custo das mercadorias vendidas

A fórmula básica da apuração do Custo Mercadorias Vendidas é a mesma aplicada ao da apuração do Custo dos Produtos Vendidos:

O custo dos serviços vendidos

Como os serviços não podem ser estocados, o custo das vendas das empresas prestadoras de serviços foge ao esquema indicado para produtos e mercadorias. Assim, as empresas prestadoras de serviços calculam os custos dos principais produtos da sua atividade (os serviços) mediante o controle e a acumulação de todos os custos de produção (materiais e mão de obra diretos ou indiretos) referentes a cada serviço em processo de execução.

Deve-se notar que, no cálculo em questão, os valores de vendas e custos devem ser ajustados a fim de eliminar eventual inclusão de abatimentos e descontos, tais como devoluções e tributos no caso das vendas e devoluções e outros descontos no caso dos custos, sendo que os custos deverão refletir custos adicionais de frete, de seguros, de manuseio, etc. (conforme consta das contas de controle de estoques).

CONCLUSÃO

Este assunto não pode ser finalizado sem um comentário (ainda que superficial) sobre os “métodos de controle de estoques”, conforme a denominação que lhes é atribuída por muitos autores que têm se ocupado do assunto. Segundo Roberto Biasio, esses “métodos” são recursos “utilizados para determinar o custo que se deve considerar para as saídas dos produtos e mercadorias vendidos”. Ou seja: como os custos dos produtos e das mercadorias ven- didos variam continuamente ao logo do tempo, trata-se, aqui, de estabelecer a relação apropriada entre o “valor do custo da venda” e a “ordem de saída” dos bens vendidos

Conforme já foi mencionado, os “métodos ou tipos” de controle de estoque comumente adotados pelas empre- sas são o custo médio ponderado e a média fixa ou móvel, sendo definida a avaliação do custo em função da “ordem de baixa ou de saída” escolhida pela empresa: baixando-se, em primeiro lugar, as primeiras unidades compradas ou produzidas (sistema “primeiro a entrar, primeiro a sair” - sistema Peps ou Fifo) ou, alternativamente, baixando-se, em primeiro lugar, as últimas unidades compradas ou pro- duzidas (sistema “último a entrar, primeiro a sair” - sistema Ueps ou Lifo).

Via Valor Contadores - VLR SISTEMAS CONTABEIS